Conviver com uma doença imprevisível, como a miastenia, não é fácil, porém esse desconforto pode ser minimizado com a orientação correta, ajuda de medicamentos e compartilha de informações.
O Mestinon, principal medicamento para controle de miastenia, passou por um período de escassez em 1984, não sendo encontrado em quase nenhuma farmácia em diversas localidades do Brasil, incluindo até mesmo os grandes centros de referência como Hospital das Clínicas de São Paulo.
Nesse contexto, Lidia Costa, paciente desse local, após tentar encontrar uma solução por diversos meios, descobriu que em grupo o resultado poderia ser mais eficiente. Imbuídos da vontade de ajudar outros com o mesmo problema, mais alguns pacientes se uniram à ela e decidiram criar uma associação para atender as necessidades de todos os miastênicos.
Assim, mesmo sem experiência em gerenciamento de entidades ou legislação do Terceiro Setor, em 4 de dezembro de 1984, foi criada a Associação dos Miastênicos do Brasil (AMB), com sede na Rua Cardeal Arcoverde, em São Paulo, capital, contando também com o apoio do ambulatório de Neurologia do HC, então vizinho da associação.
A primeira batalha foi ganha e a associação conseguiu regularizar a distribuição do Mestinon. A partir daí, vieram mais reivindicações por direitos e iniciou-se a campanha por novos associados.
Cientes de que a troca de experiências entre pessoas com a mesma patologia é importante para melhorar a autoestima e manter boa qualidade de vida, a associação promovia reuniões e confraternizações, tendo, inclusive, entre seus ideias a promoção de esporte e lazer. Entretanto, essas atividades não foram muito desfrutadas na época, com pouquíssima adesão de participantes.
Por ter mobilidade reduzida, o miastênico tem dificuldade para utilizar o transporte público. Não foi fácil, mas a associação conseguiu incluir o CID G70.0 no rol de patologias com direito à gratuidade e prioridade no transporte público no município de São Paulo, gerido pela CMTC - Empresa de Transportes Públicos de São Paulo, na época, inclusive com direito a acompanhante.
Contudo, devido à baixa adesão de novos associados e sem nenhuma fonte de recursos para manutenção da entidade, as reuniões tornaram-se mais raras.