Orientações sobre COVID-19 para pacientes com DOENÇAS NEUROMUSCULARES. Não há motivo para pânico, mas não há espaço para negligência. São doenças neuromusculares as doenças do neurônio motor, as neuropatias, as síndromes miastênicas e as miopatias e distrofias. Pacientes com formas leves e bem controladas devem realizar as medidas preventivas recomendadas para toda população. Pacientes com maior risco devem seguir algumas recomendações a mais, segundo as associações europeias e americanas (das poucas que se posicionaram a respeito).
Sabemos até agora que a maioria dos casos da doença do novo coronavírus (COVID-19) é leve e passível de controle apenas com medicações sintomáticas, como casos leves de gripe e resfriados. Com dados coletado até hoje (16/03/2020), sabemos que 80 a 85% dos casos são leves e não necessitam hospitalização, devendo permanecer em isolamento respiratório domiciliar; 15% necessitam internamento hospitalar e menos de 5% precisam de suporte intensivo (de UTI/UCI).
No entanto o novo vírus é mais perigoso para idosos e pessoas com imunidade comprometida. Dessa forma, pacientes com miastenia gravis têm mais motivos para se preocupar do que a maioria, pois além da COVID-19 ser um possível fator de descompensação clínica da miastenia (como são os resfriados e gripe), os miastênicos em sua maior parte fazem uso de imunossupressores, corticoides, e/ou são timectomizados – fizeram cirurgia para retirada do timo (timectomizados não são necessariamente grupo de risco, mas como não temos dados a respeito, orientamos que ajam como se fossem).
Então, os pacientes com miastenia gravis que não fizeram a cirurgia do timo e que estejam bem controlados sem fazer uso de corticóide (geralmente prednisona, prednisolona ou deflazacorte) e nem de imunossupressores (geralmente azatioprina, ciclosporina, metotrexato, micofenolato, tracrolimus ou rituximabe) devem apenas intensificar as medidas recomendadas para toda a população:
1) Lavar as mãos frequentemente (por pelo menos 20 seg cada vez), com água e sabão ou produtos alcoólicos.
2) Evitar tocar em notas e moedas e também superfícies de locais públicos (bancos, maçanetas, etc), ou lavar as mãos após tocá-los.
3) Evitar tocar a face; se tiver que tocar a face, lavar as mãos antes.
4) Não compartilhar objetos de uso pessoal (celular, canetas, computadores), e limpá-los frequentemente (especialmente celular).
5) Dar preferência para ambientes abertos em relação aos fechados e mantenha os ambientes o mais ventilados possível.
6) Evite aglomerações, e, se possível, trabalhe de casa (home office).
7) Cumprimente as pessoas sem contato físico (evite apertos de mão, beijos e abraços).
8) Vacinação contra gripe (não protege para COVID-19, mas evita mais uma doença que pode confundir os sintomas com COVI-19).
9) Mantenha distância de pessoas com tosse ou espirros - pelo menos 2 metros, mas se possível evite o encontro.
10) Combata fake news (informações falsas) – se informe por fontes confiáveis (por exemplo, ministério da saúde, associações médicas, associações de pacientes) – só passe para frente o que tiver certeza que é confiável.
Para pacientes com miastenia gravis ainda não compensada, ou que estejam com a doença compensada mas em uso de corticoide, imunossupressores ou ainda que tenham sido submetido a timectomia há algumas recomendações a mais para aumentar a segurança. Claro que as recomendações acima são de extrema importância em qualquer caso, mas estes pacientes nessas condições devem ser mais rigorosos com as medidas, e tomar algumas cautelas mais específicas. Abaixo segue as orientações para estes casos:
1) Realizar com rigor todas as medidas de prevenção recomendadas para a população (as citadas enteriormente).
2) Evite a todo custo lugares públicos fechados e aglomerações – se tiver que sair de casa utilize máscara (preferencialmente N95):
- Principalmente em áreas de transmissão comunitária.
3) Evite ambientes médicos e hospitalares:
- Se estiver compensado dos sintomas da miastenia adie sua consulta.
- Se precisar renovar receita, peça a um amigo ou parente para ir buscar.
- Deixe exames não urgentes para depois; se precisar realizá-los, vá em horários vazios, de máscara, e sempre lave as mãos após tocar superfícies.
4) Deixe as pessoas de convívio próximo (família, vizinhos, colegas de trabalho) saberem de suas retrições, para que sejam mais cuidadosos com a higiene, e evitem te encontrar caso tenham sintomas da doença.
5) Evite viagens internacionais, e também para locais do país com maior número de casos, principalmente os de transmissão comunitária.
- Evite contato com pessoas que retornaram há menos de 14 dias dos locais com situação mais grave da epidemia.
Quanto a tratamento ainda não há medicações específicas para o novo coronavírus. Esforços estão sendo feitos para encontrar uma vacina e um tratamento efetivo, sendo que 16 estudos de ensaios clínicos estão em curso ou já finalizaram. Dentre as medicações estudadas o remdesivir parece ser o tratamento mais promissor, mas ainda não há resultados finais dos estudos. Também sem resultados confirmatórios, dentre os outros tratamentos pesquisados podemos citar: kaletra, imunoglobulina humana endovenosa e oseltamivir.
De qualquer forma, embora não há espaço para negligência, também não há motivos para pânico, nem tão pouco ansiedade exagerada. Lembrando que ansiedade e estresse são outros fatores de descompensação da miastenia. As infecções respiratórias devem ser sempre evitadas em miastênicos, mas essa é semelhante a outras que a maioria dos pacientes já passou. Devemos ficar vigilantes para não expor ao vírus aqueles que são mais vulneráveis, e devemos agir com cautela para não sobrecarregar o sistema de saúde no momento de pico da epidemia.
Fonte: coronavirus.saude.gov.br e www.infectologia.org.br - 15/03/2019